Fortaleza, Quarta-feira, 27 Agosto 2025

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  1. SpaceX lança Starship, maior nave do mundo, pela 10ª vez Starship conseguiu liberar carga no espaço pela primeira vez e pousar no Oceano Índico. Após tocar na água, nave apareceu em chamas. A SpaceX conseguiu fazer o 10º voo da Starship, nave mais poderosa do mundo.. A nave conseguiu lançar carga no espaço pela primeira vez e pousar no Oceano Índico, antes de aparecer em chamas.. Esta foi a terceira tentativa para o voo, que tinha sido adiado devido a problemas na nave e ao mau tempo.. Veja aqui como foi o 10º voo da Starship, nesta terça-feira (26).

  2. SpaceX lança novo voo da Starship, maior nave do mundo A SpaceX, empresa de foguetes do bilionário Elon Musk, fez nesta terça-feira (26) o 10º voo teste da Starship, a nave espacial mais poderosa do mundo. O voo saiu de Boca Chica, no estado americano do Texas, por volta das 20h30 (horário de Brasília). Assim como os anteriores, a missão não foi tripulada. Pela primeira vez, a nave conseguiu lançar carga útil no espaço — oito protótipos de satélites da Starlink, braço da SpaceX no setor de internet. Na missão anterior, em maio, ela não conseguiu realizar a façanha. Pouco mais de uma hora após o lançamento, a Starship pousou no Oceano Índico. Ao tocar na água, a nave ficou coberta por chamas, mas a SpaceX não informou o que aconteceu. A empresa já tinha conseguido pousar a nave em outros dois testes, realizados em junho e novembro de 2024. Nos outros três experimentos realizados em 2025, a empresa não conseguiu realizar essa manobra. Starship ficou coberta por chamas após tocar o Oceano Índico Reprodução/SpaceX A SpaceX também conseguiu fazer o pouso do foguete propulsor Super Heavy (a parte de baixo da nave) no Golfo do México e reacender um dos motores da Starship no espaço. (Veja abaixo). Starship, maior nave do mundo, pousa no Oceano Índico Antes do lançamento desta terça, o 10º voo da maior nave do mundo tinha sido adiado duas vezes. No domingo (24), devido a um vazamento de oxigênio líquido na plataforma de lançamento, e, na segunda-feira (25), devido às condições climáticas. Gif mostra lançamento da Starship Reprodução A Starship vem sendo testada, sem tripulantes, desde abril de 2023 (veja abaixo como foi cada voo). A supernave deverá ser um dos veículos da missão Artemis III, um projeto da agência aeroespacial dos EUA (Nasa) que pretende levar os primeiros humanos à Lua desde a missão Apollo 17, de 1972. O início está previsto para setembro de 2026. Musk também pretende usar a Starship em voos a Marte, onde o homem nunca chegou. Como retorno de foguete da SpaceX para base pode tornar voos espaciais mais baratos Como foram os outros testes? No primeiro lançamento, em abril de 2023, a Starship explodiu quando ainda estava acoplada ao Super Heavy. Uma falha nos motores fez a empresa ativar um sistema de destruição para explodir o foguete. Veja como foi o 1º lançamento da Starship No segundo teste, em novembro de 2023, o Super Heavy explodiu, mas logo após se separar da nave. A Administração Federal de Avião dos EUA (FAA, na sigla em inglês) investigou o acidente e afirmou que a SpaceX identificou a necessidade de realizar 17 correções na nave. Veja como foi o 2º lançamento da Starship O terceiro voo aconteceu em março de 2024 e durou 50 minutos. A Starship foi destruída, mas a empresa considerou esse teste um avanço porque nunca tinha ido tão longe neste tipo de missão. Veja como foi o 3º lançamento da Starship O quarto teste foi em junho de 2024 e foi o primeiro bem-sucedido. A Starship conseguiu pousar no Oceano Índico, e o Super Heavy, no Golfo do México, como planejado. Starship completou seu 1º voo bem-sucedido na 5ª tentativa Na quinta missão, em outubro de 2024, a empresa conseguiu o retorno inédito do Super Heavy com a captura no ar pelos "braços da plataforma" e o pouso da Starship no Oceano Índico. A cápsula explodiu, como já era esperado, segundo a companhia. A manobra de retorno do foguete para a base de lançamento pode tornar voos espaciais mais baratos. Em teste da SpaceX, propulsor da Starship pousa com sucesso na torre de lançamento No sexto teste, em novembro de 2024, a SpaceX não conseguiu fazer com que o foguete Super Heavy retornasse para a plataforma de lançamento, como aconteceu no mês anterior. O foguete acabou pousando no Golfo do México poucos minutos depois do lançamento, o que estava previsto caso não houvesse condições ou o comando específico do diretor da missão para repetir a manobra. A nave pousou no Oceano Índico cerca de uma 1h após decolar. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, assistiu à missão do local do lançamento, com Elon Musk. Trump já tinha anunciado que o bilionário iria liderar o novo Departamento de Eficiência Governamental durante o seu mandato. SpaceX lança nave, mas não traz foguete de volta para plataforma No sétimo voo, em janeiro de 2025, a empresa de Musk conseguiu repetir manobra em que o foguete Super Heavy é levado de volta à plataforma de lançamento. SpaceX pousa foguete na plataforma, mas perde contato com nave Starship Mas a SpaceX perdeu o contato com a nave, pouco antes do pouso, o que já tinha acontecido em outros testes. Daquela vez, um vídeo registrou destroços da Starship riscando o céu no Haiti. Por segurança, voos comerciais que cruzavam a região do Caribe foram forçados a desviar de suas rotas. A empresa disse que os destroços caíram em áreas designadas para tal. SpaceX faz 8º voo da Starship, recupera foguete, mas perde contato com a nave No oitavo voo da Starship, no início de março, a SpaceX perdeu novamente o contato com a nave cerca de 10 minutos após o lançamento. Vídeos registraram os destroços da nave no céu na região das Bahamas (veja abaixo). Segundo o governo dos EUA, 240 voos no país foram prejudicados pela explosão. Apesar disso, pela terceira vez, a empresa conseguiu "capturar" em pleno ar o foguete que transportou a nave, pouco antes de ele pousar, e colocá-lo de volta na plataforma de decolagem. Fragmentos de nave da SpaceX rasgam os céus e causam atrasos em voos Na nona missão, que aconteceu em maio, a SpaceX perdeu o controle com a nave 40 minutos após o lançamento. Ela deveria pousar no Oceano Índico. Outra Além disso, a nave não conseguiu abrir a porta para lançar sua carga — oito simuladores de satélites da Starlink, braço da SpaceX no setor de internet. E, apesar de conseguir reaproveitar o foguete propulsor Super Heavy pela primeira vez, perdeu o contato com o equipamento durante a descida. Por que deu (quase) tudo errado no 9º voo da Starship? Conheça o maior foguete da história, criado pela empresa de Elon Musk Starship Arte/ g1 Conheça a Starship Veja mais: Recorde mundial: robô monta cubo mágico em 0,1 segundo e entra para o Guinness Amazon lança 27 satélites de internet ao espaço para competir com Starlink

  3. OpenAI Reuters/Dado Ruvic Os pais de um adolescente que se suicidou após o ChatGPT o orientar sobre métodos de autoagressão processaram a OpenAI, dona da IA, e seu presidente-executivo, Sam Altman, nesta terça-feira (26). Adam Raine, de 16 anos, morreu em 11 de abril após conversar por meses sobre suicídio com o ChatGPT, de acordo com a ação judicial apresentada pelos pais dele no tribunal estadual de São Francisco, nos Estados Unidos. A ação judicial quer responsabilizar a OpenAI por homicídio culposo e violações das leis de segurança de produtos, além de buscar indenizações monetárias não especificadas. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Segundo pais de Raine, a empresa priorizou o lucro em detrimento da segurança ao lançar a versão GPT-4o de seu chatbot no ano passado. No processo, a família alega que a OpenAI estava ciente de que características da versão, como lembrar interações passadas, imitar empatia humana e oferecer validação excessiva poderiam representar riscos para usuários vulneráveis na ausência de salvaguardas, mas lançou o produto mesmo assim. Os responsáveis alegam que o ChatGPT validou os pensamentos suicidas de Raine, forneceu informações detalhadas sobre métodos letais de automutilação e o instruiu sobre como roubar álcool do armário de bebidas de seus pais e esconder evidências de uma tentativa fracassada de suicídio. O ChatGPT até se ofereceu para redigir uma nota de suicídio, disseram os pais, Matthew e Maria Raine, no processo. 'Consultas' com Doutor Google e IA podem colocar a saúde em risco França abre investigação contra rede social Kick após morte transmitida ao vivo O que diz a OpenAI Um porta-voz da OpenAI disse que a empresa está triste pelo falecimento de Raine e que o ChatGPT possui salvaguardas, como direcionar pessoas para linhas de apoio em situações de crise. "Embora essas proteções funcionem melhor em trocas curtas e comuns, aprendemos ao longo do tempo que elas podem se tornar menos confiáveis em interações longas, nas quais partes do treinamento de segurança do modelo podem se degradar", disse o porta-voz, acrescentando que a OpenAI vai aprimorar de forma contínua suas proteções. A OpenAI não comentou especificamente sobre as alegações feitas na ação judicial. Sam Altman, CEO da OpenAI, em foto de junho de 2023 AP Photo/Jon Gambrell Em uma publicação de blog, a startup mencionou que está planejando implementar controles parentais e explorar formas de conectar usuários em crise a recursos do mundo real. Isso inclui a potencial criação de uma rede de profissionais licenciados que possam responder por meio do próprio ChatGPT. A OpenAI lançou o GPT-4o em maio de 2024 buscando se manter na vanguarda da tecnologia de IA. "Essa decisão teve dois resultados: a avaliação da OpenAI saltou de US$ 86 bilhões para US$ 300 bilhões, e Adam Raine morreu por suicídio", disseram os pais do adolescente. A ação judicial também solicita que a OpenAI implemente medidas para verificar a idade dos usuários do ChatGPT, recuse perguntas relacionadas a métodos de automutilação e alerte os usuários sobre os riscos de dependência psicológica. Leia também: 'Fui processada porque reclamei de uma empresa no Google' Quase 7 em cada 10 denúncias de crimes digitais no Brasil são de exploração sexual infantil Influenciador morre durante transmissão ao vivo na França e acende alerta

  4. iPhone 16 em loja da Apple em Londres, em 6 de outubro de 2024 Reuters/Hollie Adams/File Photo A Apple informou nesta terça-feira (26) que vai realizar seu evento anual em 9 de setembro, quando se espera que a empresa revele novos iPhones, relógios e outros dispositivos. Com o lema "De cair o queixo", o evento será realizado no Steve Jobs Theater, no Apple Park, e servirá como uma vitrine para os esforços da empresa na integração da inteligência artificial em seus dispositivos. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Os anúncios da empresa serão acompanhados de perto por investidores receosos sobre a empresa estar perdendo terreno para rivais mais velozes na corrida para implementar a tecnologia de IA. Segundo reportagens da mídia, a Apple também vai revelar uma versão mais fina do seu iPhone mais recente, possivelmente com a marca iPhone Air ecoando suas linhas iPad Air e MacBook Air. A empresa também deve apresentar novas gerações do Apple Watch e do iPad Pro, além de uma versão mais rápida do dispositivo de realidade aumentada Vision Pro, de acordo com a Bloomberg News. LEIA TAMBÉM: Rival do ChatGPT cria fundo para pagar veículos de jornalismo por conteúdo França abre investigação contra rede social Kick após morte de influenciador em live Entenda como o governo Trump se tornou sócio da Intel Evento em que Apple deve apresentar iPhone 17 tem o lema "De cair o queixo" Reprodução/Apple Diferenças entre o iPhone 16e e o iPhone 16

  5. 'Assustou muito', diz Michele Petter ao lembrar quando soube que tinha virado ré por conta de uma avaliação no Google Carolina Leipnitz/BBC Um dia, no ano passado, a auxiliar de escritório e influenciadora Michele Petter, de 24 anos, levou um susto do qual levaria dias para se recuperar: ela, o namorado e uma amiga estavam sendo processados, e a autora da ação pedia uma indenização de no mínimo R$ 100 mil. "Assustou muito, porque a gente não tem R$ 100 mil. De onde a gente ia tirar esse dinheiro?", lembra Michele, que vive em Estrela (RS). O motivo que levou os três ao banco dos réus foram avaliações dos serviços de uma advogada publicadas por eles no Google. A mãe de Michele havia contratado esta advogada em uma ação, aberta em 2013, em que pedia que seu ex-marido e pai de Michele — que ainda era menor de idade — pagasse pensão alimentícia para a criança. Mas os anos passaram sem uma resolução no caso e, nesse meio tempo, Michele atingiu a maioridade. Mediando o contato entre os pais, Michele buscou agilizar a situação, já que ambas as partes concordaram que queriam resolver o impasse na Justiça logo. A jovem diz que, ao buscar contato com a advogada, teve a mesma dificuldade que sua mãe relatava para ter ligações atendidas e conseguir agendar reuniões. LEIA TAMBÉM: França abre investigação contra rede social Kick após morte de influenciador Musk processa Apple e OpenAI por acusação de monopólio e cobra bilhões de dólares Influenciador morre durante transmissão ao vivo na França e acende alerta "Eu tentei entrar em contato com a advogada, o advogado do meu pai tentou, a minha mãe tentou... Ninguém conseguia. Aí, um certo dia, eu consegui ligar para ela com o celular do meu trabalho, porque acho que ela já conhecia o meu número [pessoal] e não atendia. Ela foi supergrossa e arrogante. Foi terrível", relata Michele. Mãe e filha acabaram resolvendo trocar de advogado e chegaram a um acordo com o pai de Michele na Justiça. No início de 2023, a influenciadora desabafou na plataforma de avaliações do Google: "Advogada que não atende os clientes. Uma única ligação atendida e é extremamente debochada, hostil e nada profissional. Não recomendo!!!" Michele deu para a advogada a nota de uma estrela, de um total de cinco. Seu namorado e amiga fizeram o mesmo — mas, no caso deles, sem comentários. Meses depois, devido aos comentários, a advogada abriu uma ação penal contra o trio por difamação e injúria — dois crimes contra a honra de alguém, sendo o primeiro mais voltado para o impacto de uma ofensa na imagem social de uma pessoa, e o segundo, para as consequências da ofensa sentidas pela própria pessoa. Segundo Michele, os três só ficaram sabendo da ação no ano seguinte, em 2024, quando o namorado dela recebeu uma intimação para comparecer a uma audiência de conciliação. "Ele me mandou mensagem apavorado, porque é todo certinho", conta Michele. "A gente ficou mal, né? Eu até fui ver o comentário, porque pensei: 'Na hora da raiva, eu devo ter extrapolado'. Mas aí eu reli e pensei: 'Gente, como assim? Não foi nada que ofendeu ela diretamente'." A advogada envolvida no caso não respondeu aos contatos da reportagem. Namorado e amiga de Michele, que também fizeram avaliações, tornaram-se réus Carolina Leipnitz/BBC Sobre a suposta demora e hostilidade no atendimento a mãe e filha, ela argumentou em documentos judiciais que trabalhou arduamente no caso da pensão alimentícia por dez anos e que foi surpreendida pela troca na defesa. Até o fechamento dessa reportagem, a ação contra o trio ainda aguardava sentença na primeira instância da Justiça do Rio Grande do Sul. As avaliações e o comentário de Michele seguem públicos. Segundo Fernanda Diehl, advogada do trio, um juiz pode determinar, se houver indenização, um valor diferente do solicitado na ação — e como seria a divisão do pagamento entre os réus. Esta é uma das várias ações encontradas pela BBC News Brasil em que pessoas que fizeram avaliações em sites como Google e Reclame Aqui foram acusadas na Justiça por empresas e profissionais que foram alvo de suas críticas. Essas plataformas, assim como as redes sociais, tornaram-se um canal amplamente buscado por consumidores para compartilhar experiências, fazer reclamações e cobrar empresas e serviços pela resolução de problemas. Mas, diferente de outros canais de reclamação mais tradicionais, como os próprios Serviços de Atendimento ao Cliente (SACs) das empresas e as reclamações nos Procons, essas plataformas expõem na internet as publicações dos consumidores, ampliando seu alcance. Esse tipo de exposição levanta o debate sobre até onde vai o direito de um consumidor se expressar através de uma reclamação e quando isso ultrapassa limites que afetam a honra e a imagem de uma empresa ou profissional. 'Achei que era o fim do mundo: vou ser presa' Outro caso é de Gabriela, que pediu para ter nome real preservado nesta reportagem. Ela reclamou há dois anos no Google da empresa que construiu sua casa porque o imóvel teria sido entregue com vários problemas, como vazamentos, fiação derretida e acabamento ruim. Gabriela também diz que foi difícil conseguir assistência para esses consertos — afirma que a empresa adiou várias vezes o envio de algum profissional para fazer os reparos e chegou a bloqueá-la no WhatsApp. Por isso, a cliente relata que acabou gastando mais dinheiro para resolver esses problemas com outros profissionais. A avaliação de uma estrela veio acompanhada de um "textão", que continua no ar. Para proteger a identidade da entrevistada, a BBC News Brasil decidiu não reproduzir trechos originais do comentário — mas, em resumo, afirma que o sonho de ter a casa se tornou um pesadelo para a família e que o dono da empresa seria habilidoso ao vender um projeto, mas agressivo em caso de problemas. Gabriela reconhece que estava "exaltada" quando escreveu o texto. Poucos meses depois, ela recebeu no WhatsApp a notificação do processo enviada por um oficial de Justiça. A empresa pedia uma indenização de R$ 10 mil por danos morais — previstos principalmente no Código Civil, eles dizem respeito a ofensas que atingem valores morais como a honra, a imagem e a liberdade de uma pessoa. "Fiquei alguns dias no fundo do poço. Achei que era o fim do mundo: pronto, eles vão levar minha casa, eles estão me condenando, eu vou ser presa", lembra Gabriela. "Tinha vergonha de falar para as pessoas o que estava acontecendo". A empresa argumentou que prestou o serviço normalmente e que a reclamação de Gabriela foi excessiva, ultrapassando o direito de se expressar enquanto consumidora. O objetivo seria difamar a empresa, o que teria abalado a credibilidade desta no mercado. Mas um juiz decidiu em janeiro a favor de Gabriela. Ele avaliou que a ré fez uma crítica "severa" mas direcionada apenas ao serviço prestado, sem demonstrar qualquer objetivo de prejudicar a reputação da empresa, que não recorreu da decisão. Em paralelo, Gabriela havia entrado ela própria — cerca de um mês depois do processo em que se tornou ré pelo comentário — com uma ação contra o proprietário da empresa, pedindo indenização por danos morais e materiais relacionados à obra. Esta ação ainda não foi julgada. Aplicativo do Reclame Aqui; crítica em plataforma foi alvo de disputa judicial entre médica veterinária e cliente Carolina Leipnitz/BBC 'O abuso é vedado' Em outro processo, a Justiça deu razão à empresa que foi alvo de uma reclamação. Uma confusão sobre o banho e tosa de uma cadela em 2017 resultou em uma longa crítica de uma cliente no Reclame Aqui — e em um processo, quando a dona da clínica veterinária decidiu entrar com uma ação contra a tutora do animal. A cliente disse que sua cadela teria sofrido um deslocamento do fêmur durante o atendimento feito, em suas palavras, por um "ogro". Ela afirmou ainda que a dona da clínica e seus funcionários seriam "bandidos": "Todo castigo para vocês é pouco". Na ação, a médica veterinária afirmou que a cliente "ultrapassou os limites da crítica", ofendendo sua honra e de seu negócio. A cliente alegou, por sua vez, que suas mensagens à equipe da clínica foram muitas vezes ignoradas ao tentar resolver o problema e que fez uma reclamação em site apropriado para isso. Uma juíza de primeira instância deu em 2018 razão à médica veterinária, afirmando que ela "não se quedou inerte diante dos problemas médicos do animal" e que a consumidora "exacerbou" os parâmetros de uma crítica razoável. Foi determinada uma indenização por danos morais de R$ 1 mil, bem abaixo dos cerca de R$ 37,5 mil pedidos pela autora da ação. A juíza também determinou a retirada do texto publicado no Reclame Aqui. A cliente entrou com um recurso e, na segunda instância, a Justiça continuou dando razão à veterinária. O colegiado do Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou, também em 2018: "É livre a manifestação de pensamento e opiniões, mas o abuso de direito é vedado, equiparando-se ao ato ilícito". Nenhuma das envolvidas no processo quis falar com a BBC News Brasil sobre o assunto. Data centers de IA podem consumir energia equivalente à de milhões de casas Notificação extrajudicial por comentário Leonardo — também um nome fictício, a pedido — conta que não chegou a ser processado por um comentário no Google, mas quase: recebeu no início do ano uma notificação extrajudicial de um restaurante, pedindo que ele apagasse uma avaliação. No comentário em questão, que veio acompanhado de uma nota de uma estrela, Leonardo falou que o local era "insalubre" e que, às vezes, "coisas" vinham dentro do pedido — à reportagem, ele contou ter encontrado uma mosca dentro de um pastel e que já havia tido outros problemas com o estabelecimento, como receber um prato diferente do que havia solicitado. Na notificação, que ele mostrou à reportagem, o restaurante classificou suas declarações como "ofensivas e inverídicas", o que estaria causando "prejuízos à imagem" do estabelecimento. Por isso, o restaurante pediu a "imediata exclusão das publicações difamatórias" e a retratação, na mesma plataforma, no prazo de 48 horas após o recebimento do aviso. "Caso não haja a devida retratação ou exclusão das publicações dentro do prazo estipulado, informamos que serão adotadas as medidas judiciais cabíveis", dizia a notificação. Uma notificação extrajudicial é um documento registrado em cartório que formaliza avisos ou exigências. Há casos específicos previstos em lei em que essa notificação é obrigatória, como na comprovação de que há dívidas no financiamento de um imóvel e no aviso de busca e apreensão de um imóvel nessa situação. Mas, muitas vezes, esse é um passo escolhido por quem quer produzir provas e, no futuro, eventualmente mostrar à Justiça que buscou uma solução amigável. Segundo a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR), uma notificação extrajudicial não obriga quem a recebeu cumprir o que foi pedido. "Contudo, o descumprimento pode gerar consequências negativas significativas e um futuro processo judicial. Se a questão for levada à Justiça, o fato de a parte ter sido previamente notificada e ter se mantido inerte será levado em consideração pelo magistrado. A Justiça pode interpretar a recusa em cumprir a notificação como um indicativo de má-fé ou de falta de disposição para resolver o litígio de forma amigável", explica a associação. Leonardo diz que não apagou o comentário, porque tinha provas, como a foto de uma mosca próxima ao pastel. Até o fechamento desse texto, ele não foi notificado de nenhum processo. "Fiquei esperando para ver se era só um blefe", conta Leonardo. "Eles devem ter imaginado que eu não teria dinheiro para torrar com advogado, não teria poder nenhum contra. Mas realmente foi um blefe." Diferente de outros casos citados, a BBC News Brasil não conseguiu ver a avaliação ainda pública no Google. Leonardo disse não saber o que houve, e a assessoria de imprensa do Google afirmou que não comentaria casos específicos. O que significa o ícone de óculos nos Stories do Instagram? Justiça é caminho a ser evitado, dizem entrevistados Christian Printes, gerente jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa de Consumidores (Idec), avalia que casos como os relatados podem beirar uma postura "abusiva" por parte das empresas — que, ao abrir processos contra reclamações, estariam inibindo clientes de fazer críticas "muitas vezes legítimas" e de até acionar a Justiça para terem seus problemas de consumo resolvidos. Ele destaca que, antes de publicar uma reclamação, o consumidor muitas vezes já tentou resolver amigavelmente seu problema em diversas ocasiões e por meio de diferentes canais de comunicação. "Obviamente, chega uma hora que o consumidor também perdendo a paciência, além do seu tempo." Entretanto, ele reconhece que os consumidores também devem ter cuidados ao fazer reclamações, como: reunir provas; não proferir ofensas pessoais a funcionários e proprietários e nem publicar dados pessoais deles; não acusar alguém de um crime sem ter evidências disso; não fazer xingamentos ou usar palavrões; e nem recorrer a ameaças ou intimidação. "Uma coisa é falar que pretende tomar as medidas legais cabíveis, como entrar com um processo judicial, porque é um direito ter acesso à Justiça. Agora, é diferente usar a ameaça e a intimidação. Por exemplo, falar que vai quebrar uma loja ou depredar o patrimônio de uma pessoa", alerta. Printes vê com bons olhos o fato de existirem não só canais de reclamação vinculados a órgãos públicos, com o Consumidor.gov e os Procons, mas também plataformas como Google, Reclame Aqui e redes sociais. "Esses sites acabaram se tornando um canal de consulta para os consumidores brasileiros", diz Printes, apontando que os usuários buscam nessas plataformas informações sobre a confiabilidade de uma empresa e experiências de outros clientes. O advogado Percival Maricato, diretor institucional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em São Paulo, representa um setor que costuma ser alvo de muitas destas avaliações na internet. Ele afirma que, no caso de algum conflito, a disputa judicial é um caminho a ser evitado para ambos os lados. "Um litígio desse tipo leva muito tempo, e todo mundo perde. Mas, às vezes, isso acontece até para defender o trabalho, a verdade, que são coisas que todo mundo tem direito", aponta Maricato "Existe situações em que a reclamação é injusta, nem sempre procede. É muito importante permitir que só vá para Justiça as situações que ultrapassam o limite da razoabilidade." Ele também cobra que plataformas e redes sociais sejam responsabilizadas pelo conteúdo publicados nelas e tenham maior controle sobre quem faz as reclamações — evitando, por exemplo, que pessoas que nunca tenham frequentado um lugar o avaliem. Esse é um ponto levantado pela advogada que está processando Michele Petter, caso que abre essa reportagem: ela reclama ter recebido avaliações do namorado e da amiga da jovem, que nunca foram seus clientes. Na ação, ela pediu que o Google retirasse imediatamente o comentário de Michele e as três avaliações até que o caso fosse julgado — o que foi concedido por uma juíza no ano passado, em liminar (quando uma parte pede uma decisão antes do julgamento, alegando que a espera pode causar prejuízos). O Google contestou a decisão. Além de argumentos técnicos, a empresa defendeu que a remoção de comentários "restringe desproporcionalmente as liberdades constitucionais de expressão e de informação (...), podendo caracterizar censura, em última análise". A empresa americana não removeu o comentário e, então, foi intimada. Diante disso, o Google entrou com um mandado de segurança contra a determinação e venceu na segunda instância. Fernanda Diehl, que defende os três réus, afirma que foi surpreendida "positivamente" pela relutância do Google em retirar o comentário. "Seria muito mais fácil para eles [Google] simplesmente fazerem a exclusão e não continuarem uma discussão. Fica muito claro que eles prezam pela força da plataforma deles, que as avaliações vão continuar ali a não ser que realmente tenha uma decisão legítima que peça a exclusão", analisa a advogada. Entretanto, o mérito em si, sobre o supostos crimes de difamação e injúria dos comentários, ainda espera julgamento. O Google, originalmente uma ferramenta de busca, oferece entre seus serviços a possibilidade de uma empresa se cadastrar, oferecer informações de endereço e contato, além de postar imagens de seus serviços e ser avaliada por clientes. Usuários também podem cadastrar empresas. A plataforma não compartilhou dados sobre o número de avaliações registradas ao longo dos anos. Questionada sobre os casos levantados pela reportagem, o Google se limitou a responder que sua plataforma de avaliações ajuda "pessoas a descobrir novos lugares e a decidir para onde ir". Além disso, reforçou que empresas e pessoas podem denunciar locais enganosos e conteúdo inapropriado. "Nossas políticas afirmam claramente que as avaliações devem ser baseadas em experiências e informações reais, e monitoramos de perto 24 horas por dia, sete dias por semana, em busca de conteúdo fraudulento, usando uma combinação de especialistas e tecnologia", disse o Google em nota. O Reclame Aqui, por sua vez, afirma ser o "maior hub [algo como plataforma digital] de opiniões de consumo e de reputação de empresas do mundo" — com mais de 26,1 milhões de consumidores e 750 mil empresas cadastradas. De acordo com a plataforma, de 2021 a 2024, o número de reclamações publicadas cresceu 45%. O Reclame Aqui afirmou prezar por um "ambiente livre e transparente para que empresas e consumidores resolvam seus problemas nas relações de consumo de forma respeitosa e harmônica" — e isso, acrescentou, evita inclusive a judicialização dos casos. "O direito dos reclamantes está amparado pelo direito à liberdade de expressão, vedado o anonimato, garantido à empresa o direito de resposta, ambos preceitos constitucionais", diz a nota. A plataforma esclareceu que apenas 1/3 do público que passa pelo site faz reclamações. A maioria faz pesquisas antes de uma compra com base nas experiências relatadas por outros consumidores. "Em comparação à média de 46 mil reclamações registradas/dia no site do Reclame Aqui, o número de casos judicializados é ínfimo", disse a empresa. O Reclame Aqui afirmou ainda que seus Termos de Uso, regras de moderação de conteúdo, ocultamento de palavras de baixo calão e medidas de segurança para validar a identidade de usuários evitam "eventuais abusos de ambas as partes". 'Às vezes, vale mais a gente engolir o sapo' Depois de ter recebido uma notificação extrajudicial, Leonardo diz que não se sentiu desestimulado a fazer novas avaliações. "Até comecei a fazer mais agora, porque antes eu não avaliava os lugares bons que eu ia. Para equilibrar", diz ele. Já Michele e Gabriela dizem que, depois de serem processadas, mudaram seu comportamento. "Fiquei com medo... Hoje, é muito difícil eu fazer uma avaliação", desabafa Michele, citando o "dano psicológico" de responder a uma ação, precisar buscar um advogado ou defensor público e os custos financeiros. "Sempre fazia com cautela. Nunca comentei para prejudicar ninguém, mas acho que as situações às vezes têm que ser demonstradas até para ajudar as pessoas que estão ali procurando um profissional, procurando um lugar para comer", continua. "Entendo que tenha pessoas às vezes que façam realmente por mal, às vezes sem nem ter frequentado lugar, mas de qualquer forma, eu acho complicado [ações estarem acontecendo por conta de avaliações online]." Gabriela é mais taxativa: "Parei, nunca mais vou fazer [uma avaliação]. É muita dor de cabeça". "Querendo ou não, de início, você já tem que entrar com R$ 2 mil para pagar o advogado. Às vezes, vale mais a gente engolir o sapo e ir embora." Christian Printes, do Idec, lamenta que ações na Justiça possam inibir reclamações e insiste que os consumidores devem procurar as empresas quando algo não sai como combinado — usando o "máximo de bom senso e de inteligência emocional". "O consumidor tem sim direito à reclamação legítima e para isso ele tem que ter meios eficazes de fazer a prova daquilo que ele está passando", afirma Printes. "Caso não consiga a resolução do seu problema de forma extrajudicial, entre com a ação judicial para resguardar aquilo que é direito seu."

  6. Freepik O relator da comissão especial da Câmara que analisa a proposta de regulamentação de trabalho por aplicativo, deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE), diz esperar que a Casa vote o texto ainda este ano. Coutinho definiu o cronograma de debate do projeto nesta terça-feira (26). O plano foi apresentado e referendado pelos membros do colegiado. 🚗 Segundo o relator, o objetivo é concluir as discussões da proposta ainda no mês de novembro. Augusto Coutinho planeja realizar, no mínimo, dez audiências públicas com trabalhadores e empresas do setor de transporte e de delivery por app. 📅 A expectativa, de acordo com Coutinho, é que um parecer seja apresentado e votado, pela comissão especial, até a segunda semana de novembro. Depois desta fase, a proposta poderá ser analisada pelo plenário principal da Câmara. O relator defendeu que o Congresso regulamente as relações de trabalho por aplicativo para evitar um "desprazer de algum tribunal legislar por nós". "Na minha opinião, hoje a relação do trabalhador com as plataformas é uma relação injusta. É uma relação em que o trabalhador não tem nenhuma segurança em nada. E também é preciso dar às próprias plataformas segurança jurídica, para que elas saibam quais as obrigações deles", afirmou o deputado. Augusto Coutinho projetou que o texto poderá ser votado pelo conjunto dos deputados ainda em dezembro deste ano. "A ideia é que a gente vote o relatório até o dia 15 de novembro e a gente tenha até o final do ano para votar em plenário. Acho que é uma matéria importante que a gente precisava ao final desse ano entregar ao Brasil uma legislação dessa matéria", declarou. O projeto Motoristas de app: projeto prevê remuneração mínima A proposta em discussão pelo colegiado foi apresentada pelo deputado Luiz Gastão (PSD-CE). O texto contempla trechos de um outro projeto, apresentado pelo governo federal no ano passado, que ficou travado em razão de divergências políticas. 📄 O projeto define regras para a cobrança de taxas pelas empresas e prevê como deverá ser a remuneração dos trabalhadores. 💵 Há, por exemplo, veto à cobrança de taxa sobre gorjetas pagas aos profissionais. A proposta também determina que os trabalhadores de app serão considerados como contribuintes individuais da Previdência Social. O texto prevê que a alíquota da contribuição previdenciária será de 5% sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição para trabalhadores de família de baixa renda. O relator da comissão especial afirmou que a proposta deve ser "alargada" para tratar de "qualquer serviço realizado por meio de aplicativo ou plataforma digital, e não apenas dos serviços de transporte de pessoas e de entrega de bens".

  7. Governo dos EUA adquire ações da Intel REUTERS/Dado Ruvic/Illustration A Intel e o presidente Donald Trump confirmaram, na sexta-feira (22), que o governo dos EUA será dono de 9,9% da fabricante de chips norte-americana, em um investimento que soma US$ 11,1 bilhões. Segundo a Reuters, a transação deve ser concluída nesta terça-feira (26). A compra, no entanto, foi feita com um dinheiro que a Intel já receberia do governo dos Estados Unidos. Os valores usados na transação são parte de subsídios aprovados à Intel durante o governo de Joe Biden. Agora, Donald Trump decidiu mudar a forma desse apoio: em vez de repassar o dinheiro diretamente, o governo passará a ter participação acionária na empresa. O investimento total de US$ 11,1 bilhões está dividido dessa forma: US$ 5,7 bilhões em subsídios previstos pela Lei Chips, aprovada no governo Biden, ainda não pagos à empresa; US$ 3,2 bilhões de um subsídio relacionado ao programa Secure Enclave, também da era Biden, ainda não pago à empresa; Outros US$ 2,2 bilhões em subsídios da Lei Chips que a Intel já recebeu do governo americano. O governo também obteve desconto de 17,5% na compra. As ações da Intel, que valiam US$ 24,80 no fechamento da sexta-feira, foram adquiridas por US$ 20,80 cada uma, segundo a Reuters. 🔍O que foi a Lei Chips? Aprovada durante o mandato de Biden, a Lei Chips destinou US$ 52 bilhões em incentivos para a indústria de chips impulsionar a produção de semicondutores no país. LEIA TAMBÉM: Intervenção ou estratégia? Governo Trump compra ações da Intel Musk processa Apple e OpenAI por acusação de monopólio Donald Trump na Casa Branca AP Photo/Evan Vucci Trump afirmou que os EUA “não pagaram nada” pelas ações, já que usaram subsídios como moeda de troca. Segundo ele, o acordo surgiu durante uma reunião sua com o CEO da Intel, Lip Bu Tan, dias depois de o próprio Trump ter pedido a renúncia do executivo devido a ligações com a China. Em comunicado, a Intel classificou o acordo como “histórico” e disse que ele mostra a confiança do governo na empresa e em seu papel estratégico na indústria de semicondutores. A fabricante também informou que o governo será um acionista passivo, sem direito a voto no conselho nem acesso a informações internas. As ações da Intel fecharam em alta de 5,5% na sexta-feira com a notícia da participação acionária do governo, mas caíram 1% nas negociações pós-mercado, após a empresa detalhar os termos do acordo. Trump ameaça taxar China e países que regulam empresas de tecnologia em 200% Estratégia controversa Para analistas, o movimento de Trump em relação à Intel, aliado à pressão que ele tem exercido sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), ameaça a agilidade do setor empresarial dos EUA. “Estamos passando de uma economia puramente capitalista para uma economia muito mais engajada pelo Estado. Isso é uma mudança enorme para os EUA. Nunca vi uma era como esta”, disse Bill George, ex-CEO da Medtronic e pesquisador da Harvard Business School, à Reuters. Nos últimos anos, a Intel passou por problemas de gestão e perdeu sua liderança no setor de fabricação de chips para a TSMC, de Taiwan. Além disso, também foi superada pela Nvidia na corrida por chips de inteligência artificial. A fabricante, no entanto, ainda possui uma reserva de caixa de US$ 9 bilhões e um valor de mercado de US$ 105 bilhões. Segundo a Reuters, um documento regulatório da Intel informou, na segunda-feira (25), que a presença do governo como acionista pode prejudicar as vendas internacionais, dificultar a obtenção de novos subsídios e sujeitar a empresa a mais regulamentações em outros países. A participação também reduziria a influência de voto de outros acionistas, pois os poderes do governo sobre regulamentações que afetam a Intel limitariam a capacidade da empresa de buscar transações em benefício dos sócios, segundo o documento obtido pela agência. Influenciador morre durante transmissão ao vivo na França e acende alerta Investimento ou intervenção? Embora seja incomum para o governo dos EUA adquirir uma participação em uma empresa tão grande como a Intel, isso está alinhado à tendência de Trump de intervir no mercado durante seu segundo mandato, segundo a agência Deutsche Welle. As fabricantes de chips Nvidia e AMD também concordaram, neste mês, em pagar 15% da receita de suas vendas na China ao governo dos EUA. Outro exemplo foi a recente venda da siderúrgica americana US Steel para a japonesa Nippon Steel, em um acordo que garantiu ao governo dos EUA a 'golden share', que dá amplo poder de veto sobre decisões corporativas da US Steel e o direito de nomear um membro do conselho. Houve também o anúncio, em julho, de que o governo dos EUA se tornaria o maior acionista da única mina de terras raras em operação nos país, de propriedade da MP Materials. "A gestão Trump está realmente adotando uma visão ampla do que é possível em termos de intervenções do governo dos EUA no setor privado e forçando muito os limites", afirmou à DW Geoffrey Gertz, pesquisador sênior do Centro para uma Nova Segurança Americana, de Washington. Ele descreveu as medidas como "incomuns" e fez uma distinção entre as políticas que estimulam setores inteiros e a estratégia direcionada de Trump, que fecha acordos pontuais com empresas específicas. "Essa é uma abordagem bem diferente de estabelecer padrões ou diretrizes de política industrial para todo o setor." No entanto, essa abordagem de Trump também recebeu apoio, especialmente quando se trata de setores considerados estrategicamente importantes na rivalidade entre os EUA e a China, como semicondutores e terras raras. "A Intel é mais do que apenas uma empresa, e acho que a decisão de investir deve ser aplaudida", disse à DW Sujai Shivakumar, Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, de Washington. "É hora de entender que esse tipo de política industrial é a norma nas economias avançadas, e que os governos estão fornecendo essa forma de apoio amplo. Se nos agarrarmos a esse mito de um mercado puro aqui nos EUA, corremos o risco de perder terreno em um dos setores mais estratégicos do século", acrescentou.

  8. Perplexity, plataforma de IA REUTERS/Dado Ruvic A ferramenta de inteligência artificial Perplexity anunciou nesta segunda-feira (25) que começará a pagar milhões de dólares a meios de comunicação como parte de um novo modelo para compartilhar os lucros das buscas com empresas jornalísticas. Os veículos que se tornarem parceiros da companhia receberão pagamentos quando seu trabalho for utilizado pelo navegador ou pelo assistente de IA da Perplexity para responder a consultas ou solicitações, informou a startup sediada em San Francisco. "Estamos compensando os meios de comunicação com o modelo adequado para a era da IA", anunciou a empresa em seu blog. Os pagamentos serão administrados por meio de um serviço de assinatura que será lançado nos próximos meses, chamado Comet Plus, que a Perplexity descreve como um programa que garante que veículos e jornalistas se beneficiem dos novos modelos de negócio que a IA oferece. Foi reservado um fundo comum de US$ 42,5 milhões (R$ 230 milhões) para compartilhar com os meios, e espera-se que ele aumente com o tempo, acrescentou. "Conforme a web evoluiu além da informação para incluir conhecimento, ação e oportunidades, o excelente conteúdo de veículos e jornalistas ganha ainda mais importância", explicou a equipe da Perplexity. A Perplexity é uma startup em ascensão no Vale do Silício, e seu motor de busca baseado em IA é frequentemente citado como um potencial disruptor para o Google. No entanto, a empresa foi processada por meios como o Wall Street Journal, o New York Times e o japonês Yomiuri Shimbun, que alegam que ela se beneficia injustamente de seu trabalho. Um modelo de repartição de receitas por parte da Perplexity seria um gesto de conciliação com os veículos e ajudaria a dissipar as acusações de oportunismo. Diferentemente do ChatGPT ou do Claude, da Anthropic, a Perplexity fornece respostas atualizadas que frequentemente incluem links para os materiais de origem, permitindo que os usuários verifiquem a informação.

  9. Morte de influenciador em live: o que é a Kick, rede social que abrigou transmissão Um tribunal de Paris abriu uma investigação preliminar contra a plataforma australiana Kick. A medida ocorre após a morte do influenciador francês Raphaël Graven, de 46 anos, durante uma transmissão ao vivo na semana passada, informou a agência Reuters nesta terça-feira (26). A justiça vai apurar se a empresa ofereceu conscientemente serviços ilegais, como a transmissão de vídeos de ataques à integridade pessoal, e se cumpriu a legislação europeia sobre serviços digitais, que obriga a notificação de riscos à vida ou à segurança dos usuários. Na semana passada, o Ministério Público de Nice, no sul da França, já havia aberto um inquérito para investigar a causa da morte de Raphaël Graven. 📱 Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Conhecido como “Jean Pormanove” e “JP”, o streamer participava de vídeos em que aparecia sendo submetido a violência e outras humilhações, principalmente por dois homens que eram seus parceiros de conteúdo, conhecidos pelos pseudônimos “Narutovie” e “Safine”. O vídeo da morte, transmitido ao vivo na plataforma Kick, foi amplamente compartilhado na rede social. Segundo usuários, as imagens mostram o momento imediatamente anterior à morte de Graven, ou anterior à descoberta de que ele estava morto. No vídeo, o influenciador aparece inconsciente sob um edredom numa cama. Na sequência, é possível ver dois outros homens. Em um determinado momento, um deles atira uma pequena garrafa de plástico na direção de Graven. Na quarta-feira (20), a Kick confirmou que baniu os criadores envolvidos na morte do influenciador. O que é a Kick? Influenciador Jean Pormanove, que morreu durante uma transmissão ao vivo na França X/@JeanPormanove A Kick é uma plataforma de lives com foco em jogos criada em dezembro de 2022. Com mais de 50 milhões de usuários, ela ganhou espaço ao ficar com apenas 5% do valor gerado por influenciadores com assinaturas de seus seguidores. A concorrente Twitch, por outro lado, cobra 50% de taxa, mas tem mais de 105 milhões de usuários. Alguns influenciadores migraram para a Kick por conta de suas regras de moderação flexíveis. A plataforma já permitiu lives que violaram direitos autorais, exibiram conteúdo de sites adultos e promoveram debate com um nazista, segundo reportagem publicada em 2023 pela Bloomberg. Na época, a plataforma disse que estava ampliando seus esforços de moderação e que não tolerava discurso de ódio. Na última quinta-feira (14), a plataforma comemorou a estreia de MrBeast, conhecido como maior influenciador do mundo. Ele fez uma live em que arrecadou US$ 12 milhões para o seu projeto de acesso a água potável. Sobre a morte do influenciador, a Kick afirmou à RFI que não responderia a questionamentos sobre a morte de Graven por conta de sua política de privacidade. Mas um porta-voz disse à BBC que a plataforma estava "revisando com urgência" as circunstâncias da morte do influenciador. "Estamos profundamente tristes com a perda de Jean Pormanove e expressamos nossas condolências à sua família, amigos e comunidade", afirmou. O porta-voz também disse que as diretrizes de comunidade foram "projetadas para proteger os criadores" e que a empresa estava comprometida em manter esses padrões. Quem são os donos da Kick? Rede social Kick Reprodução/Kick A Kick foi criada pelos empresários australianos Edward Craven e Bijan Tehrani, também donos do cassino online Stake. Cada um deles tem fortuna avaliada em US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 15,4 bilhões), segundo a Forbes. O patrimônio deles veio principalmente de jogos de cassino virtuais em que usuários apostam criptomoedas. A Kick e a Stake ganharam notoriedade em 2024 ao patrocinarem a Sauber, equipe de Fórmula 1 que hoje tem o brasileiro Gabriel Bortoleto como um de seus pilotos e que adotou as cores verde e preto das duas marcas em seus carros. Segundo a Forbes Australia, Craven e Tehrani entraram no ramo em 2013, quando o bitcoin valia cerca de US$ 100 (cerca de R$ 550), e aproveitaram a valorização da criptomoeda. A Stake, por exemplo, foi fundada em 2017, quando o bitcoin era vendido por mais de US$ 10 mil (R$ 55 mil). A Kick trouxe prejuízo de US$ 100 milhões para os empresários desde a sua criação, estima a Forbes. Isso não é uma exclusividade da plataforma: a Twitch existe desde 2011 e nunca conseguiu registrar lucro. Ainda de acordo com a revista, as regras de moderação fracas da Kick dificultaram seus esforços em atrair anunciantes para o serviço. O que significa o ícone de óculos nos Stories do Instagram? 'Qual é a minha bênção?': trend com o ChatGPT viraliza e divide opiniões nas redes sociais O seu cérebro quando você assiste a um vídeo em velocidade 1,5

  10. Elon Musk participa de um almoço no Capitólio em Washington, DC, em 5 de março de 2025 REUTERS/Kent Nishimura A startup de inteligência artificial xAI, do bilionário empreendedor Elon Musk, processou a Apple e a OpenAI, fabricante do ChatGPT, em um tribunal federal dos EUA no Texas na segunda-feira, acusando-as de conspirar ilegalmente para impedir a concorrência em inteligência artificial. A Apple e a OpenAI "bloquearam mercados para manter seus monopólios e impedir que inovadores como a X e a xAI concorram", afirma o processo. A Apple, em parceria com a OpenAI, integrou o ChatGPT ao seu sistema operacional para iPhones, iPads e Macs. "Se não fosse pelo acordo exclusivo com a OpenAI, a Apple não teria motivos para deixar de destacar os aplicativos X e Grok em sua App Store", afirma o processo. Na ação, a xAI afirmou que busca bilhões de dólares em supostas indenizações. A OpenAI, por sua vez, disse que "este último processo é consistente com o padrão contínuo de assédio do Sr. Musk". A Apple não respondeu imediatamente a um pedido de comentário feito pela Reuters. Leia também: Agente do ChatGPT reserva restaurante, faz compra, mas erra ao insistir demais Musk fecha acordo com ex-funcionários do Twitter demitidos após compra da rede social Agente do ChatGPT reserva restaurante, faz compra, mas erra ao insistir demais Musk havia ameaçado processar a Apple no início deste mês, afirmando em uma publicação no X que ela "torna impossível para qualquer empresa de IA além da OpenAI alcançar o primeiro lugar na App Store". O ChatGPT, da OpenAI, tornou-se o aplicativo de consumo com crescimento mais rápido da história nos meses seguintes ao seu lançamento no final de 2022. A xAI, de Musk, adquiriu o X em março por US$ 33 bilhões para aprimorar seus recursos de treinamento de chatbots. Musk também integrou o chatbot Grok em veículos fabricados por sua empresa de automóveis elétricos Tesla. A xAI foi lançada há menos de dois anos e concorre com a OpenAI, apoiada pela Microsoft, e com a startup chinesa DeepSeek. Especialistas jurídicos antitruste que não estão envolvidos no processo disseram que a posição dominante da Apple no mercado de smartphones pode reforçar as alegações da xAI de que a empresa está vinculando ilegalmente suas vendas de iPhones ao ChatGPT da OpenAI. Mas eles disseram que a Apple poderia argumentar que a parceria com a OpenAI foi uma decisão de negócios em um ambiente competitivo e que ela não tem obrigação de ajudar seus rivais a ganhar participação de mercado. A Apple também pode argumentar que há razões de segurança ou operacionais para integrar a IA em seu sistema operacional, disse Herbert Hovenkamp, ​​​​que leciona na Faculdade de Direito da Universidade da Pensilvânia. De forma mais ampla, o processo pode dar aos tribunais dos Estados Unidos a primeira oportunidade de avaliar se existe um mercado definido para IA e o que ele abrange, uma questão crucial em litígios antitruste. “É um sinal de alerta em termos de como os tribunais tratarão a IA, e como tratarão a antitruste e a IA”, disse Christine Bartholomew, professora da Faculdade de Direito da Universidade de Buffalo. As práticas da Apple na App Store têm sido o foco de vários processos judiciais. Em um caso em andamento da Epic Games, fabricante do videogame "Fortnite", um juiz ordenou que a Apple permitisse maior concorrência nas opções de pagamento de aplicativos. Em outra ação, Musk está processando a OpenAI e seu CEO, Sam Altman, em um tribunal federal na Califórnia para impedir sua conversão de uma organização sem fins lucrativos para uma empresa com fins lucrativos. Musk foi cofundador da OpenAI com Altman em 2015 como uma organização sem fins lucrativos.

  11. Eles armazenam e processam as informações usadas todos os dias por bilhões de pessoas ao redor do planeta. Os data centers (centro de dados) abrigam os servidores responsáveis por processar todas as informações que estão no ambiente digital. Eles são de diversos tipos, mas um deles tem despertado especial interesse de empresas de tecnologia: os usados para inteligência artificial. Os data centers para IA mobilizam uma corrida por espaços físicos adequados. Esse tipo de instalação demanda muito mais potência — e, consequentemente, exige mais capacidade para resfriamento. É por isso que esse eles são vistos como um risco para o meio ambiente, por demandar alto consumo de água. Com sua alta capacidade de produção de energia renovável, o Brasil desperta o interesse de gigantes de tecnologia para a construção de data centers para IA. Enquanto isso, o governo diz preparar um plano para atrair investimentos para transformar o país em um polo mundial de centro de dados. Neste episódio, Victor Boyadjian conversa com o repórter do g1 Victor Hugo Silva, que explica quais são diferentes tipos de data centers e o impacto desses centros para o meio ambiente. Victor Hugo relata as promessas de inovação nos centros de processamentos de dados para inteligência artificial e as discussões que cercam o tema. E responde: faz diferença ter um data center perto de você? O que você precisa saber: Primeiros data centers de IA podem consumir mesma energia de 16 milhões de casas Brasil terá política nacional para data centers; entenda o que são 'CIDADES DE SERVIDORES': Entenda como serão os primeiros data centers de IA no Brasil NO ESPAÇO: Os planos para colocar data centers na Lua e em órbita da Terra Quanta água o ChatGPT 'bebe' para responder sua pergunta? Data centers se multiplicam O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Sarah Resende, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Carlos Catelan. Apresentação nesta semana: Victor Boyadjian. Data Center: faz diferença ter um por perto? O Assunto é o podcast diário produzido pelo g1, disponível em todas as plataformas de áudio e no YouTube. Desde a estreia, em agosto de 2019, o podcast O Assunto soma mais de 168 milhões de downloads em todas as plataformas de áudio. No YouTube, o podcast diário do g1 soma mais de 14,2 milhões de visualizações. Imagem ilustrativa mostra dcenter da Meta em Indiana, nos Estados Unidos Divulgação/Meta

  12. Data centers de IA podem consumir energia equivalente à de milhões de casas Operar um data center exige uma estrutura complexa de energia para que todos os equipamentos funcionem e sejam refrigerados de forma adequada. Como podem ser usados por milhões de pessoas, esses espaços devem funcionar 24 horas por dia. Para garantir isso, as empresas adotam geradores e até suas próprias subestações de energia (veja abaixo como eles funcionam). ❓ Um data center ("centro de dados", em inglês) é um local que armazena e processa informações. Ele pode ser dividido em dois tipos: nuvem (cloud), para operar serviços na internet, e IA, para treinar modelos de linguagem complexos. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça O treinamento dos modelos de IA mais conhecidos envolve um enorme volume de dados e só pode ser feito com chips de processamento modernos, que exigem mais energia e, por isso, esquentam mais. Com equipamentos mais quentes, a única forma de controlar a temperatura é adotar um sistema de resfriamento líquido, por água ou óleo – data centers de nuvem podem ser refrigerados a ar porque consomem menos energia. Data centers refrigerados a água preocupam por conta do alto consumo. Fazer até 50 perguntas para o ChatGPT pode consumir meio litro de água, segundo um estudo da Universidade da Califórnia, em Riverside. O Brasil tem cerca de 180 data centers em funcionamento. Nenhum deles é voltado para inteligência artificial, mas quatro projetos desse tipo já foram anunciados no país. Eles poderão ter consumo de energia equivalente ao de 16,4 milhões de casas – saiba mais sobre os projetos. Como funciona um data center por dentro Dhara Assis e Gui Sousa/g1

  13. Emily Portman diz que a versão criada por inteligência artificial de sua música é "assustadora" Getty Images via BBC No mês passado, a premiada cantora britânica Emily Portman recebeu uma mensagem de um fã elogiando seu novo álbum e dizendo: "A música folk inglesa está em boas mãos". Isso normalmente seria um elogio, mas a artista de Sheffield ficou intrigada. Então, ela seguiu um link postado pelo fã e foi levada ao que parecia ser seu mais recente lançamento. "Mas eu não reconheci, porque eu não tinha lançado um novo álbum", diz Portman. "Descobri um álbum meu novo em diversos lugares – no Spotify, no iTunes e em todas as plataformas online." "Chamava-se Orca, e era uma música evidentemente gerada por inteligência artificial, mas que, acredito eu, havia sido bem treinada usando minhas músicas reais." As 10 faixas tinham nomes como Sprig of Thyme e Silent Hearth – que eram "incrivelmente próximas" de títulos que ela poderia ter criado. Foi algo que Portman, vencedora do prêmio BBC Folk Award em 2013, achou "muito assustador". Quando ela clicou para ouvir, a voz – supostamente dela – estava um pouco estranha, mas cantava "em um estilo folk provavelmente o mais próximo possível do meu que a IA consegue produzir", diz ela. A instrumentação das músicas também era assustadoramente semelhante. O álbum Orca foi lançado sob o nome de Emily Portman em uma série de plataformas digitais, incluindo o YouTube BBC A música gerada por IA já é abundante na internet hoje. Mas ela é frequentemente lançada sob nomes fictícios ou imitando grandes estrelas — e sem que apareça em suas páginas oficiais de streaming. Agora existe uma tendência crescente de artistas consagrados (mas não super estrelas) virando alvos de conteúdo falso que aparece repentinamente em suas páginas no Spotify e outros serviços de streaming. Até mesmo músicos já falecidos tiveram "novos" materiais gerados por IA adicionados aos seus catálogos. Portman não sabe quem publicou o álbum usando seu nome ou o porquê disso. Ela foi falsamente creditada no disco como artista, compositora e detentora dos direitos autorais. O produtor listado nos créditos é Freddie Howells — mas ela afirma que esse nome não significa nada para ela e que não há nenhum vestígio online de um produtor ou músico com esse nome. Quanto à música em si, embora tenha sido bem feita o suficiente para convencer alguns fãs, a falta de algum elemento humano real na criação faz o álbum soar "vazio e perfeito demais", diz ela. "Eu nunca vou conseguir cantar sendo tão perfeitamente afinada. E não é esse o ponto. Eu nem quero. Eu sou humana." Alguns dias depois, outro álbum apareceu nas páginas de streaming de Portman. Desta vez, era possível perceber que houve bem menos esforço para imitá-la. Eram "20 faixas de baboseiras instrumentais", diz ela. "Só AI slop [termo em inglês para designar conteúdo de baixa qualidade criado por inteligência artificial]." Ela entrou com uma processo na Justiça por direitos autorais para que os álbuns sejam retirados do ar e disse que o episódio redobrou sua "crença na importância da criatividade real e em como ela comove as pessoas". "Espero que a música da IA ​​não tenha feito isso com as pessoas", continua ela. "Embora eu tenha recebido um e-mail de alguém perguntando: 'Cadê o Orca? Estou escutando o disco repetidamente'. Então houve pessoas que foram enganadas pelo disco." Josh Kaufman diz que a música produzida por IA imitando seu estilo soa como "uma demo com teclado Casio e letras em inglês macarrônico" Getty Images via BBC Quem postou os álbuns online receberá royalties por ele. Mas nenhuma música do Orca teve mais de 2 mil reproduções no Spotify — portanto, a receita com o disco não deve ultrapassar US$ 6 (R$ 32) por faixa. De acordo com a Luminate, empresa de análise da indústria musical, todos os dias é feito o upload de cerca de 99 mil músicas para serviços de streaming, geralmente por meio de dezenas de serviços de distribuição, que solicitam os dados do artista. Se essas informações estiverem incorretas e uma música for listada erroneamente sob o nome de um artista já existente, cabe aos artistas ou à gravadora reclamar para removê-la. Portman diz que algumas plataformas foram rápidas em remover o Orca de suas plataformas, mas o Spotify demorou três semanas para fazê-lo. E ela ainda não recuperou o controle de seu perfil de artista no Spotify. Em um comunicado, o Spotify disse: "Esses álbuns foram adicionados incorretamente ao perfil errado de uma artista diferente que tem o mesmo nome e foram removidos após serem sinalizados". Portman questiona isso. Embora haja outra cantora com o mesmo nome que o seu no Spotify, os álbuns falsos não soavam como ela e não foram adicionados ao seu perfil desde então. Ela diz que a experiência "angustiante" parece "o início de algo bastante distópico" — e também destaca a falta de proteção legal para os artistas. Ela suspeita que artistas independentes estejam sendo alvos dessas ações porque nomes mais famosos costumam ter mais proteção e poder para remover lançamentos fraudulentos rapidamente. Músicas geradas por IA e tocadas em lojas rende debates entre artistas e associações; entenda 'Assinatura da nossa alma' Assim como Portman, o músico, produtor e compositor nova-iorquino Josh Kaufman, que tocou no álbum Folklore de Taylor Swift, foi alertado por seus ouvintes sobre material falso com seu nome. "Eu comecei a receber mensagens de fãs e amigos sobre algumas músicas novas que eu teria acabado de lançar e sobre como elas eram uma grande mudança [de estilo]", diz ele. "Eu acho que a maioria das pessoas percebeu que se tratava de outra pessoa usando meu perfil de artista como forma de lançar uma música estranha, claramente gerada por computador." No caso de Kaufman, sua identidade foi usada para lançar uma faixa chamada Someone Who's Love Me, que soava como "uma demo com teclado Casio e letras em inglês macarrônico". "Foi constrangedor e, depois, meio confuso", diz. "Isso [música] é o que fazemos, certo? Isso é a assinatura da nossa alma, e que outra pessoa possa simplesmente ter acesso a isso..." Ele é um dos diversos artistas de folk-rock e Americana que tiveram faixas falsas postadas usando seus nomes nas últimas semanas — aparentemente todas da mesma fonte. Outros incluem o vocalista do Wilco, Jeff Tweedy, J Tillman (agora conhecido como Father John Misty), Sam Beam (também conhecido como Iron & Wine), Teddy Thompson e Jakob Dylan. Todos os lançamentos usaram o mesmo estilo de arte com IA e foram creditados a três gravadoras, duas com nomes aparentemente indonésios. Muitos listaram o mesmo nome de um compositor — Zyan Maliq Mahardika. Esse nome também foi creditado em outras músicas que imitam músicos cristãos e bandas de metalcore dos EUA. O Spotify disse que alertou a distribuidora sobre o problema e removeu essas faixas, pois elas "violavam nossa política contra a personificação de outra pessoa ou marca". A empresa acrescentou que "removeria qualquer distribuidor que permitisse repetidamente esse tipo de conteúdo em nossa plataforma". O mesmo estilo de design foi usado para lançar músicas falsas sob o nome de diversos artistas BBC Kaufman criou uma playlist com todas as faixas que conseguiu encontrar e deu a ela um nome depreciativo. "É mais divertido rir disso do que se sentir mal", diz ele. "Mas é desconcertante que isso possa acontecer." E é estranho para ele — como músico e produtor que geralmente passa despercebido do grande público — ser alvo disso. "Por que não procurar algum artista grande? Se você está tentando ganhar royalties de algum tipo", questiona. Ele não faz ideia de para quem esses royalties possam ter ido. "Para ser sincero, nem sei quem é o inimigo", diz ele. "É um computador? É uma pessoa sentada em algum lugar criando essa música só para atrapalhar alguém?" Uma coisa é certa: ele quer que empresas como o Spotify sejam mais proativas na prevenção de músicas fraudulentas em suas plataformas. Tatiana Cirisano, da empresa de análise de mídia e tecnologia Midia Research, afirma que a IA está "tornando mais fácil para os fraudadores" enganarem os ouvintes, que também são mais "passivos" nessa era dos algoritmos. Ela acredita que pessoas mal-intencionadas podem estar se passando por artistas da vida real na esperança de que suas faixas fraudulentas "acumulem streams suficientes" — centenas de milhares — para lhes render um belo dinheiro. "Eu acho que as falsificações de IA estão focadas em artistas menos conhecidos na esperança de que seus esquemas passem despercebidos, em vez de mirarem em uma super estrela que poderia imediatamente alertar o Spotify", diz ela. Mas os serviços de streaming e distribuidores estão "trabalhando duro" e melhorando seus sistemas de identificação, ela enfatiza, "ironicamente, também usando IA e aprendizado de máquina". "Acho que está claro para todos que cada parte interessada deve fazer a sua parte", diz ela. "Mas é complicado." Música nova de artista morto Quando uma nova música apareceu no mês passado na página de artista verificado do cantor country americano Blaze Foley, foi uma grande surpresa para Craig McDonald, dono da gravadora de Foley – principalmente porque Foley morreu em 1989. A "baboseira de inteligência artificial", como McDonald descreve, evidentemente não fazia parte do estilo "cantor e compositor texano de coração" de Foley. "Blaze tinha talento para compor, mas, junto com esse talento, uma autenticidade completa", diz ele. "Como costumam dizer, [ele tinha] três acordes e a verdade. E claramente não era isso." McDonald, que administra a Lost Art Records, está preocupado que imitações de IA possam prejudicar a credibilidade de artistas como Foley, especialmente para pessoas que não conhecem seu som. Ethan Hawke (à esquerda) e Ben Dickey cantaram após a exibição de um filme biográfico sobre Blaze Foley no Texas em 2018 Getty Images via BBC O que Foley teria achado de tudo isso? "Blaze talvez tivesse gostado, porque na foto que acompanhava a música, ele parecia bem mais magro, com uns 15 kg a menos, e ainda ganhou um corte de cabelo moderno", ri McDonald. "Mas ele também diria: 'Quero aqueles 10% de cada centavo que o Spotify está arrecadando. Mandem para mim'." Considerando que a era do streaming já causou grandes perdas na renda de muitos artistas, Emily Portman diz que esse caso parece um "golpe muito baixo". Além de ter que lidar com um impostor de inteligência artificial, ela agora está gravando seu primeiro álbum solo (de verdade) em 10 anos — o que, ao contrário da IA, exige tempo, dinheiro e profunda criatividade pessoal. Ela diz que o disco custará pelo menos R$ 70 mil no total, para pagar as pessoas de verdade que tocam, produzem, lançam e promovem o disco. Mas o resultado, ela se entusiasma, será algo genuíno e humano. "Estou realmente ansiosa para trazer música de verdade ao mundo!" 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  14. O computador quântico é um quadradinho cuja a potencialidade é gigantesca Adobe Stock 🌀Imagine um computador capaz de resolver em segundos cálculos de alta complexidade. Uma máquina com um potencial gigantesco de descriptografar emaranhados de códigos na velocidade do pensamento. Esse computador já existe e promete revolucionar o mundo tal qual o conhecemos. 🧬 Os computadores quânticos, que utilizam as leis da física quântica para ampliar o seu poder de processamento, já estão sendo aperfeiçoados em países como Estados Unidos, China, Alemanha. Mas o Brasil não está de fora dessa corrida. A computação quântica aplicada em áreas específicas pode gerar ganhos e avanços extraordinários. Por isso, muitos estados brasileiros já estão investindo em pesquisa e capacitação de pessoas para trabalhar com a tecnologia. É o caso de Alagoas, que já investe em pesquisa nessa área. 👨🏻‍🔬Mas como esses computadores operam e o que faz deles máquinas tão excepcionais? Para responder a essas e outras perguntas, o g1 entrevistou o pesquisador do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer e membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônico (IEEE), Gabriel Gomes de Oliveira, que falou sobre vantagens e desafios da computação quântica. O g1 conversou também com o pesquisador e engenheiro de machine learning do Centro de Inovação Edge da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Davi Barros. Ele deu uma panorama de como a tecnologia pode ser usada em diferentes setores do Estado. "Alagoas tem apresentado muito interesse em avançar no caminho das energias limpas pela via da energia solar. Creio que esse é um ponto em que a computação quântica tem a contribuir, tanto com o desenvolvimento de novos materiais quanto na resolução do problema da otimização da infraestrutura de geração e transporte dessa energia gerada. E ressaltando que os frutos dessa nova tecnologia podem ser colhidos mesmo antes que Alagoas possa ter seu próprio computador quântico. Computador quântico precisa ficar em temperatura que atingem o zero absoluto Getty Images A potencialidade dos computadores quânticos é indiscutível, a começar por seu processador, que é do tamanho de uma pastilha e que tem a capacidade de realizar cálculos complexos de forma exponencial. Contudo, o armazenamento e o processamento de informações dependem de um superresfriamento, o que está longe de ser barato. Esses computadores funcionam em temperaturas próximas do zero absoluto, a mais baixa possível no universo. "Átomos, íons e moléculas são extremamente pequenos e a técnica para a manipulação envolve ciência de ponta. Em outras palavras, as limitações envolvendo o substrato físico da computação quântica são enormes, exigindo ainda muita pesquisa nessa área", observou o engenheiro da Edge, Davi Barros. Mas para entender como opera uma máquina quântica é preciso entender o funcionamento dos computadores clássicos. 💠O computador clássico utiliza bits, que são unidades de informação que atuam em estado binário, podendo ser 0 ou 1. Esses computadores realizam cálculos de forma sequencial, ou seja, um passo de cada vez. Cálculos mais complexos podem levar bilhões de anos para serem resolvidos com um computador convencional. 💠O computador quântico utiliza qubits, que atuam em superposição de estados (podendo ser 0 e 1 simultaneamente), o que possibilita a realização de cálculos em paralelo e simulações complexas na velocidade do pensamento. Tudo isso utilizando princípios da física quântica. 📈Na prática, essa capacidade possibilita a simulação de sistemas quânticos de forma precisa e a criação de padrões complexos a partir da análise de conjuntos de dados. Esses computadores têm a capacidade de revolucionar diversas áreas da ciência, como aponta o pesquisador do CTI Renato Archer. "Atualmente a computação quântica é utilizada para inúmeros fins de pesquisa, possibilitando a criação de medicamento mais avançados, qualificando o processo de cura de pacientes e até mesmo na área da segurança cibernética. A perspectiva é que a computação quântica se torne cada vez mais eficiente e utilizada", disse Gabriel Gomes de Oliveira. Computação quântica e avanço de setores Computação quântica pode ser usada para o desenvolvimento de energias limpas, aponta pesquisador Divulgação OCB Alguns setores podem ser beneficiados com o emprego da computação quântica, como é o caso da indústria. No ano passado, o setor representou cerca de 14% do PIB total de Alagoas, sendo um importante motor de desenvolvimento econômico do Estado. Davi Barros destaca que são inúmeras as aplicações e possibilidades da computação quântica. "Acredito que a computação quântica possui aplicações muito promissoras nas áreas de química, ciência de materiais, logística, indústria pesada, segurança digital, finanças, etc. O desenvolvimento do pessoal capacitado a lidar com software pode ser feito desde já, uma vez que o acesso a computadores quânticos na nuvem já é uma realidade", disse. Mas quais são os desafios para tornar a computação quântica comercialmente viável? Gabriel Gomes de Oliveira responde. "Tem o custo, a escalabilidade e até mesmo estrutura de resfriamento, haja visto que muitos tipos de supercondutores exigem condições extremas, como temperaturas variando de 0 até -273,15 °C. Ainda falta mão de obra especializada, sem falar nos desafios de hardware, como por exemplo, a correção de erros quânticos, o desafio de software e algoritmos", exemplificou. 🔹Como tornar seguro? um dos computadores quânticos do laboratório do Google em Santa Bárbara Google via BBC Com uma sobreposição quântica, esses computadores são capazes de descriptografar em segundos códigos complexos e documentos secretos, o que coloca em risco a proteção de dados. Para Gabriel Gomes de Oliveira esse problema será resolvido com o próprio uso da tecnologia quântica. "A economia digital não permanecerá 'desprotegida' por muito tempo. Apesar da habilidade dos computadores quânticos de comprometer a criptografia atual representar uma ameaça concreta e próxima, a comunidade global de segurança já está empenhada no desenvolvimento e na implementação de soluções de criptografia pós-quântica. A segurança e a proteção de dados continuarão a se desenvolver, ajustando-se a essa nova era tecnológica para preservar a privacidade e a integridade de nossa vida digital", afirmou. 🌏Ao redor do mundo Os primeiro protótipos de computadores quânticos surgiram na década de 1980, o que foi se aprimorando com o tempo e com o trabalho colaborativo de vários pesquisadores. LEIA TAMBÉM O chip quântico do Google que resolve em 5 minutos problema que levaria 10 septilhões de anos Processador Eagle: como funciona o computador quântico mais avançado da IBM Computadores quânticos: entenda por que eles são a próxima revolução da tecnologia Hoje, gigantes como a Microsoft, Google, IBM e Amazon, estão entre os principais líderes em pesquisa e desenvolvimento da computação quântica. A China também se destaca nessa corrida ao produzir computadores quânticos em ritmo frenético. Com tantas pesquisas e investimentos bilionários não vai demorar muito para que a humanidade desfrute dos benefícios gerados pela revolução tecnológica quântica. "A perspectiva é que a computação quântica se torne cada vez mais eficiente e utilizada e que atinja a sua maturidade, segundo algumas pesquisa e pesquisadores, em 2030", apontou Gomes de Oliveira Computador quântico: como funciona a tecnologia que promete revolucionar a vida na Terra Veja os vídeos mais recentes do g1 AL Leia mais notícias da região no g1 AL

  15. A polêmica da adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais mobilizou o Congresso sobre o tema e reacendeu o debate sobre uma eventual regulamentação mais ampla do ambiente digital. No entanto, esse passo ainda parece distante, apesar de projetos já terem sido apresentados aos parlamentares. A adultização teve maior repercussão depois que o youtuber Felca publicou um vídeo denunciando o fenômeno e, em seguida, o influenciador Hytalo foi preso sob acusação de exploração de menores. Isso levou a Câmara dos Deputados a aprovar, na última quarta-feira (20), um projeto que combate a adultização de crianças nas redes sociais. O texto, que já havia sido analisado pelo Senado em 2022, precisará voltar para a Casa antes de seguir à sanção presidencial. Senado deve votar PL da Adultização nesta semana; entenda A votação foi praticamente consensual. Deputados de diferentes partidos destacaram a necessidade de proteger crianças e adolescentes em ambientes digitais. O projeto prevê mecanismos de verificação de idade, exigência de supervisão parental e multas que podem chegar a R$ 50 milhões em caso de descumprimento pelas plataformas. Câmara aprova projeto contra adultização nas redes sociais Debate sobre regulação mais ampla O avanço do projeto abriu espaço para que o debate transbordasse para a discussão mais ampla da regulação das redes sociais. Nesse campo, porém, o ambiente no Congresso é de impasse. "A regulamentação das redes sociais é um tema inescapável para o Congresso, a abordagem faz parte da agenda, só que está engavetada. É um tema que divide opiniões, são visões distintas, e agora, com o tema da adultização das crianças, isso ganha notoriedade”, afirma o cientista político Augusto Prando. “É necessário um consenso mínimo, para se votar, mas pelo visto já existem alguns obstáculos desde então. Não querem fazer a discussão da adultização com regulamentação, porque entende que isso se tornaria uma censura”, conclui. Parlamentares da direita rejeitam qualquer tentativa de impor regras gerais mais restritivas, afirmando que isso pode se transformar em censura. “O que está em jogo é muito mais do que um projeto: é a preservação das liberdades fundamentais e a proteção da economia nacional”, afirmou a bancada do PL em nota. Já integrantes da esquerda sustentam que a liberdade de expressão não pode se sobrepor a outros direitos e que, por serem ambientes controlados por empresas privadas, as redes precisam ser reguladas. “A regulamentação das redes sociais é inescapável, mas está engavetada porque divide opiniões. A adultização deu notoriedade ao tema, mas ainda há resistência para avançar”, avalia o cientista político Augusto Prando. Para a advogada Samara Ohanne, “sem mobilização social, o Congresso dificilmente aprovaria o texto da adultização”. Ela defende que a proteção de crianças e adolescentes abre caminho para um debate mais amplo sobre responsabilidade das plataformas. Lei 'Felca': Câmara aprova projeto que combate pedofilia e 'adultização' de crianças em São Vicente, SP Vanessa Rodrigues/AT e Reprodução/Youtube/Felcaseita Projetos travados O principal projeto de regulação das redes em tramitação é o PL das Fake News, aprovado no Senado mas parado há mais de dois anos na Câmara. O texto prevê responsabilização de plataformas por conteúdos pagos, transparência em regras de moderação, retirada imediata de conteúdos que violem direitos de crianças e adolescentes, além de remuneração por conteúdos jornalísticos. No ano passado, o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a articular uma votação, mas adiou ao avaliar que não havia votos suficientes. “Inequivocamente, existe uma pressão muito grande das Big Techs [grandes empresas de tecnologia]. É um momento delicado, em que o setor privado exerce grande influência na tomada de decisões”, disse o professor da USP Rubens Breçak. Ações no Judiciário Diante do impasse no Legislativo, o Supremo Tribunal Federal tem puxado mudanças. Em junho, a Corte atualizou o Marco Civil da Internet e decidiu que as plataformas podem ser responsabilizadas por não removerem conteúdos criminosos após notificação extrajudicial — sem necessidade de ordem judicial imediata. Segundo especialistas, a decisão pressiona o Congresso a se movimentar e aproxima o Brasil de modelos adotados na Europa, onde a regulação é mais rígida. Próximos passos Enquanto isso, a pauta contra a adultização continua a avançar no Legislativo. O projeto aprovado na Câmara terá de ser reavaliado pelo Senado e, se confirmado, seguirá para sanção presidencial. Em paralelo, especialistas defendem que o tema deve servir de impulso para retomar a discussão mais ampla sobre regulação das redes. “A sociedade muda mais rápido que as normas. O desafio é atualizar a legislação sem comprometer a liberdade de expressão, mas garantindo a proteção de direitos”, resume Prando.


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O Blog do Anísio Alcântara foi publicado no dia 25 de Março de 2012